Google recusa-se a remover app controverso de rastreamento

Google recusa-se a remover app controverso de rastreamento

5 Março, 2019 0 Por Joel Pinto

Para colocar dentro do assunto, aqueles que não sabem do que se trata, fique a saber que em Fevereiro, surgiram relatos de uma aplicação, a Absher, disponível na Google Play e na loja de aplicações da Apple na Arábia Saudita, que entre outras coisas, permite que guardiões do sexo masculino rastreiem o paradeiro das mulheres e definam permissões detalhadas para viajar. Após as solicitações para remover a aplicação, a Google simplesmente recusou.

A Absher é uma aplicação que está disponível na Google Play Store e na Apple App Store. A aplicação tem muitos recursos, como pagar multas de estacionamento, registar um nascimento ou renovar uma carta de condução. Mas uma característica levou a protestos de activistas de direitos humanos, a capacidade dos homens de rastrear e permitir ou negar planos de viagem feitos pelas mulheres.

A 21 de fevereiro, 14 representantes do Congresso escreveram à Google e à Apple a exigir a remoção da aplicação, alegando que “as mulheres que fugiram da perseguição na Arábia Saudita tiveram que derrotar este requerimento para deixar o país em busca de asilo”.
Segundo novas informações do Business Insider, a Google confirmou ao deputado Jackie Speier que eles não vão remover a aplicação da Play Store, enquanto a Apple ainda precisa de responder além de afirmar que está a “investigar”. O Google disse que a aplicação “não viola acordos e pode, portanto, permanecer na Google Play Store”.

Sob as leis da Sharia da Arábia Saudita, as mulheres não podem sair em público sem um guardião masculino presente, e a aplicação funciona como uma extensão desse guardião. Homens que registam as suas esposas e filhos como “dependentes” na aplicação Absher, podem receber alertas em forma de mensagens de texto, quando tais dependentes tentam usar um passaporte ou cartão de identidade para viajar. Esses “guardiões” podem até definir permissões de detalhes para permitir viagens únicas, múltiplas jornadas ou nenhuma.

Embora a decisão da Apple ainda seja desconhecida, esse movimento da Google parece ir contra a sua habitual retórica sobre os seus supostos valores e o papel que eles querem desempenhar na sociedade. É difícil ver como facilitar a opressão das mulheres se encaixa no antigo lema do Google: “Don’t be evil”.

Joel Pinto

Fundador do Noticias e Tecnologia, e este foi o seu segundo projeto online, depois de vários anos ligado a um portal voltado para o sistema Android, onde também foi um dos seus fundadores.