Moderação de conteúdos do Facebook aparenta depender de métodos altamente imprecisos

Moderação de conteúdos do Facebook aparenta depender de métodos altamente imprecisos

2 Janeiro, 2019 0 Por Joel Pinto

Durante o ano de 2018, o Facebook foi muitas vezes notícia, e a maioria das vezes pelos piores motivos. E como se escândalos de privacidade, investigações e alegações não fossem suficientes, um recente artigo do New York Times resume tudo, e ainda coloca uma cereja no topo. O artigo foca um documentos internos que mostra como o Facebook tenta regular o conteúdo na sua plataforma e as irregularidades que caracterizam essa tentativa. Sim, está rapidamente a tornar-se num gigante de tecnologia que todos “adoram odiar”, mas a empresa, ou melhor, seus principais executivos, não estão a fazer o que é preciso para mudar isso.

Segundo os documentos, ficou claro que os moderadores do Facebook, os responsáveis ​​pela sinalização e policiamento do conteúdo, estão incrivelmente sobrecarregados e, para piorar, contam com informações que estão desatualizadas e, em muitos casos, incorretas. Eu concordaria que monitorizar o conteúdo produzido por mais de 2,5 mil milhões de pessoas é um desafio que no mínimo é hilariante, mas o Facebook parece estar a fazer isso da pior forma possível.

Para começar, a empresa parece que não tem moderadores locais suficientes, com amplo conhecimento local, sobre as questões importantes e o seu impacto. Em muitos casos, os moderadores, que na sua maioria são fluentes de inglês e que dependem do Google Tradutor para descobrir o conteúdo das publicações e dos comentários, têm apenas segundos para determinar se devem sinalizar algo ou não. Por outro lado, o Facebook procura os seus moderadores de fornecedores externos, e aí fica de imediato a duvida se eles são devidamente formados para a função. E mesmo se eles recebessem a formação adequada, quantos deles são realmente necessários para regular efetivamente o volume de conteúdo?

Pela forma como o Facebook está a lidar com isso, ficou claro que estão a contar com correções temporárias para um problema que está rapidamente a ficar fora de controlo. Em vez de contar com especialistas locais e equipas locais fortes, bem informadas e bem treinadas, os seus principais executivos estão a extrair uma política de uma torre de marfim, sem realmente entender o que está a acontecer no terreno. Isso já levou a situações que foram muito para além do seu controlo.

Por não resolver essas deficiências (e muitas outras), o Facebook agora está a ser alvo de vários órgãos reguladores e governos em todo o mundo. Seja a Comissão de Proteção de Dados da Irlanda (DPC) que investiga a empresa por violar o GDPR em toda a Europa, da Federal Trade Commission (FTC) dos EUA, que investiga violações de dados recentes, ou os reguladores da Argentina, Brasil, Canadá, Irlanda, Letónia, Singapura, França, Bélgica e outros países onde já soaram os alerta, sobre os problemas.

Mark Zuckerberg disse recentemente que está “orgulhoso do progresso que a empresa fez”, ao defender a forma como a empresa lidou com as crises, mas sinto que o mundo tem uma visão diferente desse assunto. Como tal, penso que o Facebook precisa de fazer algo drástico, e muito rapidamente.

FONTE

Joel Pinto

Fundador do Noticias e Tecnologia, e este foi o seu segundo projeto online, depois de vários anos ligado a um portal voltado para o sistema Android, onde também foi um dos seus fundadores.