Análise Huawei Mate50 Pro: É bom mas… falta muita coisa

Análise Huawei Mate50 Pro: É bom mas… falta muita coisa

7 Maio, 2023 0 Por Joel Pinto

Anunciado em Setembro de 2022, e chegado a Portugal no passado mês de fevereiro, o Mate50 Pro é atualmente o melhor smartphone da Huawei, que só agora tivemos oportunidade de o testar, e depois de algumas semanas de utilização, chegou o momento de dar o nosso veredito.

O Huawei Mate50 Pro está disponível em três cores: laranja, prata e preto, e o modelo que recebemos foi o ultimo, com um acabamento liso, e com os seus reflexos metálicos é muito agradável ao toque. No entanto, fique já a saber que ele não conta com Gorilla Glass na frente ou atrás. A fabricante americana (Corning) não pode fornecer a Huawei. A solução interna foi desenvolvida pela Kunlun Glass, e após alguma procura, não encontrei muita informação sobre esta empresa. A Huawei diz que este vidro protetor foi certificado pela SGS (Société Générale de Surveillance), uma empresa suíça especializada e respeitável.

Na parte traseira do Huawei Mate50 Pro, encontramos o módulo da câmara disposto numa ilha circular que se tornou a marca registada da linha Mate. Mais uma vez, acho que esse visual permanece bastante elegante. Mas quando passamos para a frente, acho que a linguagem de design envelheceu um pouco. O entalhe na parte superior do ecrã é muito grande. Até a Apple deixou de fazer isso, pelo menos no seus equipamentos mais premium. E as bordas curvas estão a começar a ser um pouco oldschool, embora eu tenha sido talvez um dos últimos defensores desse design.

Quanto ao resto, este Huawei Mate50 Pro possui certificação IP68 para resistência à água e poeira. Ele não tem jack de 3,5mm para os fones de ouvido, e ainda impõe o formato proprietário Nano Memory (NM) para expandir o armazenamento (que ocupa um dos dois slots Nano SIM).

Um dos pontos fortes deste Huawei Mate50 Pro é o seu ecrã OLED de 6,74 polegadas com resolução de 1212 x 2616 pixeis e taxa de refrescamento de 120Hz. Este ecrã é realmente excelente. A resolução entre FullHD+ e QuadHD+ é mais que suficiente para visualizar qualquer tipo de conteúdo multimédia nas melhores condições.

A colorimetria é um pouco fria com o modo Vivid e, portanto, puxa para os tons de azul, e fica um pouco quente demais quando se muda para o modo Natural. Mas isso é facilmente ajustável através das generosas configurações de ecrã que estão disponíveis.

A sua taxa de refrescamento não é tão variável como nos ecrãs com tecnologia LTPO. Ele pode simplesmente alternar entre os 60 e os 120Hz no modo dinâmico. Ou pode simplesmente bloqueá-lo num desses dois valores. Nada de extraordinário, apesar do seu brilho ser muito bom, com uma média de 560nits encontrado no típico e pode chegar a 1000nits no modo HDR.

O que realmente me incomoda no ecrã deste Huawei Mate50 Pro é o seu grande entalhe. A Huawei mantém um sistema de reconhecimento facial 3D, abandonado por todas as fabricantes Android. É mais confiável e seguro, mas os sensores necessários devem ser instalados em algum lugar. Pessoalmente, acho que dá ao smartphone uma aparência antiquada.

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E se no ponto anterior falei num ponto forte do Mate50 Pro, agora chegou o momento de falar de um ponto menos bom: o EMUI 13, que no modelo que recebi para teste era uma versão não comercial (podem ver numa das imagens abaixo. Para quem não sabe, é a interface da Huawei que é baseada no sistema operativo Android AOSP, mas aqui sem os Google Mobile Services (GMS). Esta é a grande falha deste smartphone e a Huawei ainda não parece estar perto de encontrar uma solução convincente.

Em termos de atualizações do Android, parece-me que a Huawei já não faz promessas. Atualmente (em maio de 2023), ainda estou no patch de agosto de 2022. Em termos de design e usabilidade, acho que a interface EMUI 13 ainda se mantém bem. A Huawei oferece algumas opções de personalização para o ecrã inicial, e muito mais.

Do lado da funcionalidade, a novidade é o SuperHub. Funciona como uma área de transferência numa janela flutuante que pode ser ocultada/aberta nas bordas do ecrã. O bom é que pode simplesmente arrastar e soltar imagens, links ou ficheiros para armazená-los temporariamente. Pode então copiá-los/colá-los numa nota, e-mail ou qualquer outro editor de texto, e conteúdo.

Mas, fora isso, a proposta de software do Huawei Mate50 Pro é muito instável aos meus olhos. O catálogo do AppGallery, apesar de estar cada vez mais completo, ainda é muito pobre, e sua interface não é muito amigável para a busca de aplicações. E os ajustes que podem ser feitos com o Petal Search, Aurora Store e GSpace são, na melhor das hipóteses, fracos. A incapacidade de usar os serviço da Google, para mim, é um grande obstáculo.

Obviamente, poderá utilizar o Google Maps, Gmail, Google Drive e muitas outras aplicações convencionais, como WhatsApp, Netflix, Youtube etc. Até o Uber e o Uber Eats funcionam e conseguiram localizar-me geograficamente. Basicamente, se instalar todas as suas aplicações através da Aurora Store (um cliente alternativo da Play Store) e cloná-los no GSpace, a maioria deles funcionará, mas nem todas.

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E voltamos a um ponto frágil deste Huawei Mate50 Pro. Ele vem com o brutal Snapdragon 8+ Gen 1, no entanto, sem o seu modem 5G…. sim tem um processador brutal, mas não tem possibilidade de se ligar a uma rede 5G. Esse processador é acompanhado por 8GB de RAM LPDDR5 e 256GB de armazenamento interno UFS 3.1. Em termos de desempenho bruto, este Huawei Mate50 Pro oferece resultados consistentes em comparação com outros smartphones Android com o mesmo chip… é um topo de gama.

No uso real, podemos executar todos os jogos móveis mais exigentes sem preocupações. A maioria deles funciona normalmente como Genshin Impact, PUBG Mobile, CoD Mobile e todos aqueles que imaginar. Mas se usar uma conta Google nesses jogos, talvez não consiga fazer login, e continuar o seu progresso.

No entanto, como a maioria dos jogos o login é feito de outra forma, não deverá ter problemas. Por exemplo, no Call of Duty Mobile, a minha conta está associada ao meu perfil do Facebook, e por isso tudo funcionou muito bem.

O melhor deste telefone? A fotografia. E não sou só eu que digo, os especialistas do DxOMark colocam o Huawei Mate50 Pro na 4ª posição em termos de fotografia com smartphone. Para isso, o equipamento possui um módulo de tripla câmara com uma lente principal de 50MP acompanhada por uma lente ultra grande angular de 13MP e uma lente telefoto de 64MP com zoom óptico de 3,5x. A câmara selfie oferece uma resolução de 13MP com um sensor ToF.

A lente principal do Huawei Mate50 Pro tem como diferencial oferecer uma abertura variável entre f/1.4 e f/4.0, e estamos a falar de um dos melhores sensores do mercado, o Sony IMX766. O interesse dessa abertura variável é permitir que a lente capture mais ou menos luz dependendo das condições de iluminação. Outras fabricantes ofereciam essa tecnologia, mas geralmente oferecem apenas dois modos, f/1.4 ou f/4.0. A Huawei oferece dez passos entre f/1.4 e f/4.0.

Basicamente, quando captura em f/1.4, pode fazer fotos bokeh muito boas e quando muda para f/4.0, tem muito mais profundidade de campo e os elementos no fundo são mais detalhados. As fotos diurnas têm uma nitidez muito boa e a colorimetria pareceu-me muito natural. É certamente uma das melhores renderizações de fotos do mercado.

O zoom 2x da lente principal é muito bom, assim como o modo retrato que funciona em 1x, 2x e 3x. Fiquei impressionado com a qualidade do recorte do objeto em primeiro plano. Já a lente ultra grande angular de 13MP deixou-me com vontade de querer um pouco mais. O nível de detalhe e a faixa dinâmica são bons, mesmo que não sejam necessariamente 100% consistentes com a lente principal. Mas o foco automático é muito temperamental e acaba com muitas fotos borradas se não tiver algum cuidado.

Já a lente telefoto de 64MP oferece dois níveis de zoom fixo de 3,5x e 10x. Achei a renderização muito boa. Também pode aumentar o zoom digital para 100x, mas digo-lhe já que não vale a pena. Não notei muito ruído digital, mesmo em 10x. E isso, embora o processamento do software pareça bastante leve.

À noite, a lente principal sai-se muito bem e o processamento do software da Huawei consegue lidar corretamente com a exposição. Quase não precisa do modo noturno dedicado ao fotografar em f/1.4, o que é realmente impressionante. Mas fica pior com as outras lentes, embora o modo noturno compense um pouco.

No lado do vídeo, o Huawei Mate50 Pro pode gravar a 4K e 60fps com todas as suas lentes. Temos estabilização ótica (OIS) na lente principal e na lente telefoto, e estabilização eletrónica (EIS) na lente ultra grande angular.

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Em termos de autonomia, o Huawei Mate50 Pro possui uma bateria de 4700mAh com suporte para o carregamento rápido com fio de 66W, carregamento sem fio de 50W e permite carregamento sem fio reverso de 5W.

No dia a dia, pode facilmente durar um dia de uso. Por outro lado, a tecnologia de carregamento é proprietária. E a Huawei não parece suportar totalmente o mais recente protocolo universal de entrega de energia USB . Quando tentei carregar este equipamento sem o carregador oficial com outro carregador de 65W que possuo, demorei quase uma hora para ir dos 0 a 100%. Com o carregador e cabo oficiais, demorei cerca de 40 minutos para uma carga completa. Mas como o carregador indicado está incluído na caixa, este é um não problema.

Veredito Final Huawei Mate50 Pro

O Huawei Mate50 Pro é um excelente smartphone, e provavelmente com a melhor câmara que alguma vez utilizei num equipamento. No entanto, ele acaba por ser um equipamento um tanto ou quando incompleto.

Seria desonesto da minha parte dizer que estou perante um dos melhores telefones que já usei. Um smartphone não é apenas um dispositivo para fotografias e com um excelente ecrã e com um bom processador. É verdade que esses são pontos realmente muito importante, mas um bom smartphone está longe de se limitar a isso.

É verdade que não podemos culpar a Huawei por não ter acesso às aplicações da Google, e de em pleno 2023 não poder disponibilizar um topo de gama com acesso às redes 5G. Mas posso culpá-la por continuar a vender smartphones 4G com uma experiência de software truncada por mais de 1000 euros.

Entendo o desejo de alguns de viver sem a Google, mas num mercado onde os serviços são realmente importantes, essa continua a ser uma falha. Juntar a isso o facto de não ter acesso às redes 5G, levam-me a ficar um pouco com o pé atrás. Com essas 2 falhas resolvidas, teria dado a nota máxima a este smartphone, e estava perante um dos melhores smartphones que alguma testei… mas sem eles, a minha nota tem de ser mais modesta, porque a experiência de utilização nem sempre é a melhor:

Este Huawei Mate50 Pro foi-nos gentilmente disponibilizado pela Huawei para que esta review fosse realizada.

Joel Pinto

Fundador do Noticias e Tecnologia, e este foi o seu segundo projeto online, depois de vários anos ligado a um portal voltado para o sistema Android, onde também foi um dos seus fundadores.